sábado, 22 de novembro de 2025

Dossiê | Tetralogia de ensaios sobre "Acumulação Coerente"

Ensaios sobre Desenvolvimento, Planejamento e Soberania Social

Por Almir Cezar Filho | Série Limiar e Transformação Econômica

Juntas, quatro dimensões - explicáveis abaixo - compõem o que podemos chamar de "Teorema da Acumulação Coerente", isto é, um sistema econômico é sustentável quando o excedente é gerado de forma produtiva, distribuído de modo planificado e reaplicado socialmente.

Apresentação
A  presente tetralogia de ensaios reúne quatro textos teóricos e críticos que, em conjunto, formulam uma teoria marxista contemporânea do desenvolvimento, articulando macroeconomia, estrutura produtiva, política industrial e transformação social. Inspirada em Evguêni Preobrazhensky, Michał Kalecki, Celso Furtado e Theotonio dos Santos, esta obra desenvolve o conceito de acumulação coerente — uma síntese entre racionalidade planificada, proporcionalidade intersetorial e redistribuição solidária.

Ao longo dos textos, o autor reconstrói, sob novas condições históricas, a tradição do planejamento e da economia política do desenvolvimento no Brasil e na América Latina. Mais que uma teoria da produção ou da política econômica, trata-se de uma teoria da coerência social do desenvolvimento — um esforço de reintegração entre economia, política e ética, num tempo em que a acumulação capitalista global se mostra desordenada, excludente e insustentável.

A Tetralogia propõe, assim, um paradigma alternativo de modernização, no qual o Estado, o trabalho e a comunidade se tornam sujeitos conscientes da acumulação, transformando o excedente em bem comum e o crescimento em soberania.

sábado, 15 de novembro de 2025

Economia Solidária e a Nova Racionalidade do Desenvolvimento: a autogestão como forma social da coerência econômica

Como a organização solidária do trabalho pode transformar o excedente produtivo em soberania social e reconstrução nacional**

Por Almir Cezar Filho*

Resumo
A Economia Solidária é apresentada como dimensão social e territorial da teoria da acumulação coerente, integrando os conceitos de Preobrazhensky, Kalecki e Furtado em uma perspectiva marxista-estrutural contemporânea. Mais que uma política pública ou alternativa de renda, ela constitui um novo paradigma de racionalidade econômica, baseado na autogestão, na propriedade coletiva e na reintegração entre trabalho e comunidade. O artigo analisa suas formas organizacionais, seus instrumentos financeiros (bancos comunitários, moedas sociais, microcrédito orientado), e sua integração com o planejamento estatal e territorial. Defende que a Economia Solidária é o elo que liga a coerência macroeconômica e a redistribuição social, completando o ciclo iniciado nos artigos anteriores sobre crescimento garantido, doença egípcia e acumulação primitiva nacional. Como síntese teórica e prática, propõe que o desenvolvimento brasileiro do século XXI depende da capacidade de transformar solidariedade em estrutura produtiva e excedente em emancipação.

Palavras-chave
Economia solidária; autogestão; desenvolvimento; planejamento econômico; acumulação coerente; Preobrazhensky; Kalecki; Celso Furtado; cooperativismo; economia popular; soberania produtiva; Estado solidário.

I. Introdução – O retorno do trabalho como sujeito do desenvolvimento

A Economia Solidária surge, nas últimas décadas, como uma das expressões mais avançadas da crítica prática ao capitalismo contemporâneo. Ela não é mero programa compensatório de geração de renda nem política pública de combate à pobreza, mas a reemergência da auto-organização dos produtores — trabalhadores que retomam, de forma coletiva e consciente, o controle sobre os meios, os fins e os frutos do seu próprio trabalho. Trata-se de uma racionalidade econômica alternativa, enraizada em valores de cooperação, sustentabilidade e justiça social, que se contrapõe frontalmente à lógica do lucro e da acumulação privada do capital.

Num cenário de crise estrutural da globalização neoliberal, desindustrialização prolongada e precarização do trabalho, a Economia Solidária reaparece como projeto de reconstrução produtiva e social a partir de baixo. Enquanto o capitalismo convencional concentra renda e mercantiliza a vida, a economia solidária descentraliza a produção, redistribui o excedente e restabelece os laços entre economia e comunidade. Ela opera onde o mercado fracassa e o Estado se ausenta — mas vai além da mera substituição: propõe uma nova forma de planejamento democrático da produção e do consumo, em que a finalidade é a reprodução ampliada da vida, não do capital.

Essa perspectiva dialoga com as formulações de Preobrazhensky, que, ao teorizar a acumulação socialista primitiva, identificou o papel histórico das formas não capitalistas na transição ao desenvolvimento planificado. Também se aproxima de Kalecki, para quem a dinâmica macroeconômica só é sustentável quando a distribuição funcional da renda sustenta o investimento produtivo e o pleno emprego. E, ainda, de Celso Furtado, que via na articulação entre estrutura produtiva, cultura e solidariedade social o núcleo do verdadeiro desenvolvimento. A Economia Solidária, nesse sentido, é a tradução microeconômica e territorial dessa coerência macroestrutural — uma forma de desenvolvimento endógeno, inclusivo e socialmente racional.

Diferente de programas assistenciais ou políticas de subsistência, a Economia Solidária se ancora na autonomia dos trabalhadores e no enraizamento comunitário da produção. Suas experiências — cooperativas, empresas recuperadas, redes de produtores, bancos comunitários, moedas sociais e tecnologias sociais — compõem um mosaico de resistência e inovação que desafia a hegemonia da empresa capitalista tradicional. Cada experiência local, por pequena que pareça, representa um ato de reconstrução da economia nacional a partir de suas bases sociais, culturais e ecológicas.

Por fim, a Economia Solidária ocupa um lugar estratégico na nova teoria do desenvolvimento que propomos ao longo desta série. Se o primeiro artigo tratou da coerência macroeconômica entre crescimento e estabilidade, e o segundo diagnosticou a “doença egípcia” como estagnação estrutural das economias dependentes, e o terceiro resgatou a acumulação primitiva nacional como fundamento da reindustrialização soberana, agora a Economia Solidária fecha o ciclo ao apresentar o sujeito social desse processo: o trabalho coletivo, consciente e autogestionário. É nele que o desenvolvimento se reconcilia com o humano — onde a economia volta a servir à sociedade, e não o contrário.

sábado, 8 de novembro de 2025

Dossiê | A Teoria da Acumulação Coerente: Ensaios sobre Desenvolvimento, Planejamento e Soberania Econômica

Por Almir Cezar Filho | Série Limiar e Transformação Econômica

Apresentação Geral
O presente dossiê reúne três ensaios teóricos interligados que propõem uma releitura marxista contemporânea do desenvolvimento econômico brasileiro, articulando as contribuições de Evguêni Preobrazhensky, Michał Kalecki e Celso Furtado à realidade do capitalismo periférico do século XXI.
Os textos exploram, em sequência lógica, três dimensões estruturais do processo de acumulação:
1️⃣ a coerência entre crescimento e estabilidade;
2️⃣ as patologias da dependência e da estagnação; e
3️⃣ a reconstrução produtiva a partir do excedente nacional.
A trilogia forma o núcleo do que pode ser denominado Teoria da Acumulação Coerente, na qual o desenvolvimento não é visto como resultado espontâneo do mercado, mas como processo planejado de compatibilização entre setores, ritmos e proporções.
O Estado aparece, assim, não como mero gestor fiscal, mas como mediador racional da reprodução social, encarregado de alinhar excedente, investimento e capacidade produtiva.

1. Crescimento Garantido e Não Inflacionário (Objeto: Theorem of Structural Coherence)
Síntese: O primeiro ensaio propõe um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário, unindo Kalecki e Preobrazhensky. Defende que a estabilidade de preços não depende da austeridade fiscal, mas da compatibilidade estrutural entre os ritmos de expansão dos setores da economia. A inflação, nessa ótica, decorre de descompassos intersetoriais, e o crescimento sustentável surge quando o investimento produtivo se mantém proporcional à capacidade instalada.
Tese central: > “A coerência estrutural é a verdadeira âncora da estabilidade macroeconômica. A meta de inflação deve ser substituída pela meta de coerência interdepartamental.”
Conceito-chave: Taxa de crescimento garantido não inflacionário (gⁿᶦ = s / Σβᵢvᵢ)

2. A Doença Egípcia: um Paradigma Invertido da Doença Holandesa (Objeto: Structural Stagnation and Dependent Inflation)
Síntese: O segundo ensaio amplia a análise macroeconômica e introduz o conceito original de Doença Egípcia, definido como a síndrome de economias periféricas que nunca completaram sua industrialização, mas sofrem de estagnação e inflação crônica. Enquanto a Doença Holandesa é uma patologia do sucesso — excesso de divisas e valorização cambial —, a Doença Egípcia é uma patologia da carência, marcada pela dependência cambial e pelos gargalos produtivos.
Tese central: > “O subdesenvolvimento não é a ausência de industrialização, mas sua deformação permanente. A Doença Egípcia é o espelho da dependência: um sistema que vive de crises cambiais e de inflação estrutural.”
Conceito-chave: Ciclo da escassez e da regressão estrutural (queda das commodities → depreciação → inflação de custos → desindustrialização)

3. Do Boom Agrário à Nova Industrialização: o Agronegócio como Fonte de Acumulação Primitiva Nacional (Objeto: National Primitive Accumulation and Productive Reconstruction)
Síntese: O terceiro ensaio propõe o conceito de Acumulação Primitiva Nacional, reinterpretando Preobrazhensky sob as condições do capitalismo dependente atual. Defende que o excedente do agronegócio, quando coordenado por políticas públicas, pode financiar a reindustrialização verde e digital do país, inaugurando um novo ciclo de acumulação produtiva e soberania tecnológica.
Tese central: > “O campo, que historicamente foi a base da dependência, pode tornar-se a alavanca da soberania produtiva — desde que o Estado recupere o papel de mediador da acumulação e articulador da coerência nacional.”
Conceito-chave: Acumulação Primitiva Nacional – transferência planejada do excedente primário para investimento industrial, tecnológico e científico.

Integração Teórica da Trilogia
  • Dimensão Conceito Problema Histórico Solução Proposta
  • Macroeconômica Crescimento Garantido e Não Inflacionário Instabilidade de preços e descoordenação intersetorial Planejamento da coerência estrutural
  • Estrutural Doença Egípcia Estagnação e inflação de custos em economias dependentes Superação dos gargalos produtivos e cambiais
  • Estratégica Acumulação Primitiva Nacional Falta de base produtiva e de coordenação estatal Reindustrialização e investimento produtivo planejado
Em conjunto, os três ensaios formulam uma visão integrada de desenvolvimento, na qual o crescimento, a estabilidade e a soberania deixam de ser objetivos concorrentes e passam a ser dimensões complementares de uma mesma racionalidade econômica. Essa racionalidade — a coerência estrutural — é o que distingue o planejamento do improviso, o desenvolvimento da expansão cíclica e a autonomia da dependência.

Referência Geral do Dossiê
  • CEZAR FILHO, Almir. A Teoria da Acumulação Coerente: Ensaios sobre Desenvolvimento, Planejamento e Soberania Econômica. Série Limiar e Transformação Econômica. Niterói–Brasília, 2025.

sábado, 1 de novembro de 2025

Do Boom do Agro à Nova Industrialização: o Agronegócio como Fonte de Acumulação Primitiva Nacional

Como o setor agroexportador pode financiar a reindustrialização, ampliar a complexidade produtiva e consolidar a soberania econômica do Brasil*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo
O artigo propõe o conceito de acumulação primitiva nacional, inspirado em Evguêni Preobrazhensky e adaptado à realidade do capitalismo periférico contemporâneo. A partir da análise do boom do agronegócio brasileiro, o texto demonstra que o setor agroexportador, quando articulado a uma política de planejamento e investimento público, pode atuar como fonte de financiamento produtivo e tecnológico da reindustrialização. Diferente da “doença holandesa” e da “doença egípcia”, em que o campo atua como fator de regressão estrutural, a acumulação primitiva nacional propõe a transferência consciente e planejada do excedente agrário para os setores industriais, científicos e de infraestrutura.
Com base nas formulações de Preobrazhensky, Kalecki e Furtado, o artigo articula os conceitos de coerência estrutural, crescimento garantido e soberania produtiva, defendendo a criação de um novo pacto desenvolvimentista entre Estado, agronegócio, indústria e ciência. A tese central é que o Brasil dispõe hoje dos meios materiais para um novo ciclo de industrialização verde e digital — faltando-lhe apenas a consciência da necessidade, isto é, o planejamento econômico como instrumento de transformação nacional.

Palavras-chave
Acumulação primitiva nacional; agronegócio; reindustrialização; desenvolvimento econômico; coerência estrutural; crescimento garantido; Preobrazhensky; Kalecki; Celso Furtado; soberania produtiva; Brasil.


I. Introdução – O Paradoxo do Sucesso Agrário

O Brasil vive um paradoxo estrutural. Enquanto o agronegócio alcança níveis inéditos de produtividade, rentabilidade e inserção internacional, o país como um todo experimenta uma prolongada estagnação industrial e tecnológica. A agricultura, responsável por metade das exportações e por saldos comerciais que sustentam a estabilidade cambial, tornou-se a principal âncora macroeconômica de uma economia que, paradoxalmente, perdeu sua base manufatureira e sua capacidade autônoma de inovação.

A narrativa oficial — de que o sucesso do agronegócio seria suficiente para puxar o crescimento nacional — revela-se incompleta. O setor agroexportador gera riqueza, mas essa riqueza não se converte em desenvolvimento. Gera divisas, mas não acumulação produtiva; gera renda concentrada, mas não difusão tecnológica. A questão essencial, portanto, não é “se” o agronegócio pode contribuir para o desenvolvimento, mas como transformar seu excedente externo em base de reindustrialização interna.

Essa reflexão resgata, sob novas condições históricas, uma ideia seminal de Evguêni Preobrazhensky: a “acumulação socialista primitiva”. Em A Nova Economia, o autor defendia que, nas economias em transição, o Estado devia organizar a transferência do excedente gerado nos setores mais dinâmicos ou rentáveis para financiar a industrialização e a ampliação das forças produtivas. Aqui, reinterpretamos o conceito como acumulação primitiva nacional — um mecanismo de desenvolvimento endógeno no qual o Estado coordena e canaliza os excedentes do agronegócio, da energia e da mineração para a expansão da base produtiva, científica e tecnológica do país.

Trata-se, em essência, de restabelecer a coerência entre os setores da economia — algo que Preobrazhensky via como condição da estabilidade e Kalecki, como base do crescimento garantido. Numa economia periférica como a brasileira, o problema não é a escassez absoluta de recursos, mas sua má alocação estrutural. O excedente gerado pelo campo, em vez de financiar a diversificação produtiva, é drenado pelo rentismo, pela financeirização e pelas importações de bens industriais e tecnológicos. Assim, o que poderia ser um ciclo virtuoso de acumulação torna-se uma dependência reeditada: exporta-se tecnologia incorporada e importa-se a tecnologia essencial.

Este artigo propõe que o boom agrário, longe de ser um obstáculo, pode se tornar o motor de uma nova industrialização, desde que inserido em um projeto nacional de planejamento e de investimento coordenado. Reindustrializar, aqui, não significa negar o agronegócio, mas transformar sua força de geração de divisas e inovação em base material para a reconstrução industrial, tecnológica e científica do Brasil.

O desafio é político e estrutural: como organizar, no século XXI, uma estratégia de acumulação que não reproduza a dependência, mas a supere. A resposta não está no retorno ao modelo primário-exportador, nem na simples substituição de importações; está em criar uma economia complexa, verde e digital, capaz de converter a riqueza setorial em desenvolvimento nacional.

sábado, 25 de outubro de 2025

A Doença Egípcia: um paradigma invertido da Doença Holandesa

Da reprimarização impossível à estagnação dependente: uma teoria estrutural do subdesenvolvimento e da inflação crônica nas economias periféricas*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

O artigo apresenta o conceito de Doença Egípcia, uma categoria teórica proposta como inversão da clássica Doença Holandesa. Enquanto esta descreve o retrocesso industrial de economias que prosperam graças ao sucesso de seu setor primário, a Doença Egípcia caracteriza países que nunca completaram o processo de industrialização, mas permanecem presos à dependência de exportações primárias frágeis e instáveis. O texto demonstra que, nesses casos, a escassez de divisas, e não a abundância, desencadeia um ciclo de desvalorização cambial, inflação de custos, desinvestimento e estagnação produtiva. Inspirado nas formulações de Preobrazhensky e Kalecki, o modelo expõe como o desequilíbrio entre setores e a ausência de planejamento convertem a economia periférica em um sistema de reprodução sem acumulação, no qual o Estado administra a escassez em vez de superá-la. Aplicado ao Brasil e a outras nações do Sul Global, o conceito propõe uma releitura estrutural da inflação e do subdesenvolvimento, recolocando o planejamento, a reindustrialização e a soberania cambial como fundamentos da estabilidade e do crescimento de longo prazo.

Palavras-chave:

Doença Egípcia; Doença Holandesa; subdesenvolvimento estrutural; inflação de custos; dependência; planejamento econômico; industrialização tardia; Preobrazhensky; Kalecki.


I. Introdução – O Paradoxo da Periferia e a Inversão da Doença Holandesa

A expressão “Doença Holandesa” tornou-se, nas últimas décadas, um dos conceitos mais difundidos para descrever o dilema de países que, após descobertas ou valorização de recursos naturais, sofrem os efeitos colaterais de seu próprio sucesso. O boom das exportações de commodities provoca a valorização cambial, reduz a competitividade das manufaturas e leva à reprimarização da estrutura produtiva. Em essência, trata-se de uma patologia do êxito: o país industrializado é traído por seu setor primário pujante.

Entretanto, nas economias periféricas e dependentes, o fenômeno assume contornos inversos. O problema não é o “excesso de sucesso” das exportações, mas sua fragilidade estrutural. Aqui surge o que denominamos Doença Egípcia — uma versão invertida da Doença Holandesa. Não se trata de uma regressão a partir de uma base industrial consolidada, mas de um bloqueio histórico que impede a industrialização de se completar. A “doença”, portanto, nasce não do apogeu, mas da insuficiência.

A metáfora egípcia é reveladora. O Egito antigo foi uma das civilizações mais sofisticadas do ponto de vista agrário, mas cuja produtividade agrícola sustentava um Estado extrativo e elites improdutivas, incapazes de converter o excedente social em acumulação produtiva. A abundância relativa não se transformava em progresso técnico, mas em monumentos e privilégios. Da mesma forma, nas economias periféricas contemporâneas, o excedente proveniente do setor primário — mesmo modesto — é canalizado para o consumo das elites, a especulação financeira e o serviço da dívida, não para a transformação estrutural da base produtiva.

Enquanto na Doença Holandesa o câmbio valorizado corrói a competitividade industrial, na Doença Egípcia o câmbio desvalorizado reflete a ausência de base industrial capaz de reagir à desvalorização. O resultado é um círculo vicioso: a queda dos preços das commodities reduz as reservas internacionais e desvaloriza a moeda; a moeda fraca encarece importações de insumos e maquinário; os custos industriais sobem e o investimento declina. Surge, assim, uma inflação estrutural de custos, não compensada por expansão produtiva — uma estagnação inflacionária de natureza dependente.

A Doença Egípcia é, portanto, a patologia da periferia que nunca se industrializou plenamente, mas que experimenta as desvantagens cambiais e estruturais da dependência primário-exportadora. Ao contrário da doença holandesa, que se manifesta como uma perda de complexidade após um ciclo virtuoso, a egípcia é o sintoma de uma ausência estrutural de complexidade. É a doença de economias onde o Estado arrecada sobre a base agrária ou mineral, o capital lucra pela intermediação financeira e a sociedade paga o preço da desindustrialização sem jamais ter vivido seu auge.

sábado, 18 de outubro de 2025

Crescimento, Inflação e Coerência Estrutural: uma síntese Preobrazhensky–Kalecki para o desenvolvimento brasileiro

 Entre o fiscal e o monetário: um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário para economias em desenvolvimento*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

O artigo propõe um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário, fundamentado na síntese entre Evgeni Preobrazhensky e Michał Kalecki. A partir de uma releitura marxista das relações entre produto efetivo e produto potencial, o texto demonstra que a estabilidade de preços não depende da contração fiscal ou monetária, mas da compatibilidade estrutural entre os ritmos de expansão setoriais. O modelo formaliza o produto agregado como a soma das respostas diferenciais da produção (YΣ=1/dXiY_{\Sigma} = \sum 1/dX_i), identificando um ponto ótimo de coerência (Y^0\hat{Y}_0) em que o crescimento da renda coincide com a capacidade produtiva sem gerar inflação.Essa formulação integra o teorema de Preobrazhensky sobre inflação e desproporção nos países em desenvolvimento e a taxa de crescimento garantido de Kalecki (g=s/vg = s/v, resultando em uma equação composta (gNI=s/βivig^{NI} = s / \sum \beta_i v_i) que expressa a taxa de expansão compatível com a estrutura produtiva real. Aplicado ao caso brasileiro, o modelo revela que a inflação recente decorre não de déficits fiscais, mas de gargalos produtivos intersetoriais — a superposição de cadeias de oferta descompassadas. O artigo conclui propondo substituir a atual política de metas de inflação por uma meta de coerência estrutural, que combine planejamento produtivo, investimento coordenado e mensuração periódica do crescimento não inflacionário. Essa abordagem redefine o papel da política macroeconômica, colocando o planejamento e a proporcionalidade produtiva como fundamentos da estabilidade e do desenvolvimento sustentável em economias periféricas.

Palavras-chave: 

Preobrazhensky; Kalecki; crescimento garantido; inflação estrutural; coerência interdepartamental; planejamento econômico; Brasil.

Introdução – Crescimento, Inflação e a Falácia do Desequilíbrio Fiscal

Nas últimas décadas, o debate econômico brasileiro tem sido sequestrado por uma falsa oposição entre responsabilidade fiscal e expansão produtiva. À política fiscal atribui-se a origem das pressões inflacionárias; à política monetária, o papel de guardiã da estabilidade. Sob essa narrativa, o crescimento seria, por definição, inflacionário; e a austeridade, sinônimo de sensatez. Contudo, a experiência recente do país — inflação persistente mesmo com juros recordes e baixo dinamismo — revela que algo fundamental está errado nesse raciocínio.

A inflação brasileira contemporânea não nasce do “excesso de gasto público”, mas dos gargalos estruturais de uma economia heterogênea, dependente e desproporcional. Em vez de se propagar de cima para baixo pela demanda, ela emerge de dentro do sistema produtivo, das descompensações entre setores e departamentos, que limitam a expansão da oferta e elevam os custos antes mesmo que o consumo popular se recupere. A política monetária restritiva, ao inibir o investimento justamente nos elos mais frágeis — energia, logística, indústria de base e agricultura —, apenas aprofunda o desequilíbrio que pretende corrigir.

É nesse ponto que o pensamento de Evgeni Preobrazhensky e Michał Kalecki recupera toda a sua atualidade. Ambos demonstraram que o equilíbrio entre crescimento e estabilidade de preços não depende do freio da demanda, mas da compatibilidade entre os ritmos de expansão dos setores e departamentos da economia. Em Preobrazhensky, essa compatibilidade material expressa-se no equilíbrio entre os Departamentos I (meios de produção) e II (meios de consumo); em Kalecki, na proporção entre poupança, investimento e capacidade produtiva, que define a taxa de crescimento garantido.

Partindo dessa dupla herança teórica, este artigo propõe um modelo interdepartamental de crescimento garantido e não inflacionário, no qual o produto efetivo YΣY_{\Sigma} resulta da soma das respostas diferenciais setoriais dXidX_i, e o ponto ótimo Y^0\hat{Y}_0 representa a coerência estrutural entre o produto efetivo e o potencial. O modelo sintetiza o teorema de Preobrazhensky sobre a inflação em economias em desenvolvimento e a equação kaleckiana do crescimento g=s/vg = s/v, mostrando que o crescimento sem inflação decorre da proporcionalidade entre investimento, capacidade e estrutura produtiva — e não da contração da demanda.

A aplicação dessa abordagem ao caso brasileiro permite reinterpretar a atual conjuntura: a inflação decorre menos do fiscal e mais da superposição de gargalos produtivos; a estabilidade não virá de juros altos, mas da recomposição das proporções materiais do desenvolvimento. Ao restituir a economia política ao terreno da totalidade concreta, o modelo propõe uma nova racionalidade macroeconômica para países periféricos — uma racionalidade do planejamento e da coerência estrutural, que recoloca o crescimento, e não a austeridade, como fundamento da estabilidade de preços e do equilíbrio social.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O que a mídia não te explica sobre Reforma Administrativa (live no canal "Economia É Fácil")

🚨O canal Economia É Fácil recebe o professor Robson Raymundo Silva para debater sobre o projeto de Reforma Administrativa —  que ameaça desmontar o serviço público e precarizar o Estado brasileiro.

Reforma Administrativa volta à pauta e ameaça o serviço público — o que está em jogo do Brasil
Vamos conversar sobre:
🏛️ A proposta de PEC da Reforma que volta ao Congresso
📉 As medidas de ataque à estabilidade e aos direitos dos servidores
✊ A resistência da classe trabalhadora e da educação pública
📅 Nesta 5ª feira, 16/10 – 21h


💬 Participe pelo chat e compartilhe com seus contatos!

#ReformaAdministrativa #EconomiaÉFácil #ServiçoPúblico

sábado, 11 de outubro de 2025

O Tempo dos Ciclos: Irregularidade, Tendência e Transição na Dinâmica do Capitalismo

Entre a repetição e a transformação: 
como o movimento cíclico revela o tempo histórico do capital e anuncia seus limites.*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

Os ciclos econômicos não são meras oscilações estatísticas, mas expressões da própria lógica contraditória do capitalismo. Através de períodos de expansão e crise, o sistema reconfigura suas condições de reprodução, revelando uma regularidade que se manifesta por meio da irregularidade. Este artigo analisa, sob a ótica marxista, a natureza dialética dos ciclos: suas sobreposições temporais, suas tendências estruturais e suas mutações históricas. Da “irregularidade regular” à financeirização contemporânea, buscamos compreender o ciclo como forma temporal do capital — e o planejamento socialista como sua negação consciente.

Introdução – O Movimento como Forma da Contradição

Desde que Marx descreveu o ciclo industrial como “a forma viva do movimento do capital”, o pensamento crítico reconhece que a economia capitalista não se desenvolve de modo linear, mas pulsante, alternando prosperidade e colapso, avanço e retração. A repetição das crises não é um desvio, mas uma necessidade interna da acumulação: o capital só se renova destruindo parte de si mesmo, purgando os excessos que sua própria lógica produz.

Cada ciclo, no entanto, não é mera repetição do anterior. Ele se dá sobre novas bases técnicas, sociais e geográficas. A superprodução do século XIX não é a mesma de 1929, tampouco a de 2008. Cada uma reflete o modo histórico como o capital reorganiza suas contradições fundamentais — entre produção e realização, trabalho e valor, capital e vida. O ciclo é, portanto, a forma concreta da contradição em movimento.

O olhar marxista sobre os ciclos não busca prever datas ou traçar curvas regulares, mas revelar o tempo histórico inscrito nas flutuações econômicas. Por trás das estatísticas de crescimento e recessão, pulsa a dinâmica real de valorização e desvalorização do capital, isto é, o processo pelo qual a sociedade burguesa tenta perpetuar-se diante de seus próprios limites. O que as escolas econômicas chamam de “recuperação” nada mais é que a reconstrução temporária das condições de exploração.

Neste sentido, estudar os ciclos é estudar a própria historicidade do capitalismo. Cada oscilação, cada crise, cada fase de expansão é parte de uma totalidade maior — o processo contraditório de reprodução de um modo de produção que precisa se reinventar para não sucumbir. Mas há um limite: a regularidade da irregularidade só se sustenta enquanto as contradições puderem ser deslocadas, e não superadas. Quando o capital atinge o ponto em que a crise se torna permanente, abre-se a possibilidade de um novo tempo histórico: o da transição consciente, o da planificação social, o do fim da anarquia do valor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Artigos sobre Teoria do Desenvolvimento Capitalista - uma lista de leitura

O blog "Limiar e Transformação Econômica" é um espaço dedicado à análise marxista das transformações e crises do capitalismo contemporâneo. Editado por Almir Cezar Filho, economista e servidor público, o blog busca contribuir para um jornalismo econômico contra-hegemônico e para a educação popular em economia.

Os principais temas abordados no blog incluem:

  1. Crises do Capitalismo: Análises profundas sobre as crises econômicas sob a perspectiva marxista, explorando suas causas e consequências globais.
     Clique aqui: limiaretransformacao.blogspot.com.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Rolou ou não "química" entre Lula e Trump?

 🚨 AO VIVO HOJE!
O Economia É Fácil recebe Cyro Garcia para analisar a conjuntura internacional e nacional:
🌎 Shutdown nos EUA, dólar em queda e crise global
🇧🇷 Protestos barram 'PEC da Bandidagem', Bolsonaro condenado e Tarcísio se lança candidato
🗓 Quinta, 02/10 – 21h


✊ Participe e compartilhe!

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

"A Servidão do Caminho": Economia de Mercado, Pós-Modernidade e Servidão - o Paradoxo Neoliberal

Não vivemos no caminho da servidão, mas sim, na servidão do caminho...

Por Almir Cezar Filho

Em O Caminho da Servidão, Friedrich Hayek acusava o socialismo, o intervencionismo econômico, o Estado de bem-estar social e o planejamento estatal de conduzirem a uma "servidão": a perda das liberdades civis e a ascensão de regimes totalitários. Para Hayek, e para seus pares como Von Mises e Milton Friedman, qualquer tentativa de submeter a dinâmica do mercado à ação coletiva racional implicaria inevitavelmente na erosão da liberdade individual. No entanto, a realidade que emergiu nas últimas décadas mostra-se um espelho invertido dessa tese. O desmonte dos instrumentos de regulação estatal, a demonização do planejamento, a precarização do Estado social e a expansão desmedida da lógica mercantil não produziram liberdade, mas sim uma nova forma de servidão: a servidão ao capital financeiro, às corporações transnacionais e ao poder punitivo do Estado autoritário.

Sob a hegemonia da ideologia do livre mercado, vivemos a degradação da malha social, a desindustrialização, a explosão das crises financeiras, a inflação das commodities, a concentração de riquezas e a corrosão da esfera pública. O "mercado" — como abstração ideológica que naturaliza relações sociais e apaga conflitos — se tornou dogma inquestionável. Entretanto, esse fundamentalismo mercadológico se traduz, na prática, em anomia, precariedade e despotismo. A promessa de liberdade se converte em serviço informal, vigilância digital, escravidão por dívida e judicialização da política. O que era para ser um antídoto contra o totalitarismo, revelou-se seu fermento.

domingo, 14 de setembro de 2025

Rede, Valor e Capitalismo: Por uma Economia Sintrópica e Inteligente - A Economia & a Revolução

Economia de Rede e Inteligência de Rede versus o Mercado e o Capitalismo
Uma crítica marxista e cibernética à ideologia do mercado e à entropia do capitalismo, em defesa de uma economia colaborativa, sintrópica e baseada em redes inteligentes.

por Almir Cezar Filho

Resumo

Este artigo propõe uma crítica radical à concepção do mercado como ordem espontânea natural, analisando a economia a partir do paradigma das redes complexas e da cibernética. A partir de conceitos como entropia, sintropia, planejamento, colaboração e economia participativa, argumenta-se que o capitalismo — entendido como mercado generalizado de fatores de produção — não expressa a inteligência coletiva, mas sim sua degradação. Ao invés de um sistema espontaneamente eficiente, o mercado impõe desigualdade, opressão e desperdício. A superação de sua entropia exige redes colaborativas, inteligência sintrópica e planejamento democrático. Propõem-se, como alternativas sistêmicas, os modelos da Economia Participatória (ParEcon) e da Economia Baseada em Recursos.

Introdução


A inteligência das colmeias, das florestas, das células e das sociedades humanas é, antes de tudo, uma inteligência de rede. Não se trata de uma mente centralizada emitindo comandos, mas de um entrelaçamento de interações e sinais que se propagam por múltiplos caminhos, de forma distribuída, adaptativa e, por vezes, cooperativa. A economia contemporânea — sob o véu do mercado e do capitalismo — é, em sua base, também uma rede. Mas é uma rede tensionada pela exploração, pela desigualdade, pelo comando e pela entropia.

Este artigo propõe uma crítica radical à ideia de que mercado e capitalismo são expressões naturais da inteligência coletiva. Sustenta que a economia de rede — como potencial sintrópico da colaboração social — é anterior e superior ao mercado capitalista. Para tanto, discutiremos os conceitos de rede, valor, entropia, sintropia, cooperação, cibernética e planejamento em uma perspectiva econômica crítica.

1. Rede, organismo, sociedade: o substrato da vida

Do ponto de vista biológico, um organismo é uma rede integrada de redes: tecidos são redes de células; órgãos são redes de tecidos; sistemas são redes de órgãos. O mesmo vale para a sociedade: famílias, coletivos, empresas, cidades, instituições — todos formam redes complexas de interação. Como nas colmeias, a inteligência social emerge da combinação de diferenças complementares, da partilha de recursos comuns e da constante comunicação entre seus elementos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Julgamento de Bolsonaro, Democracia em crise, imperialismo em ofensiva | ECONOMIA É FÁCIL

 Democracia em crise, imperialismo em ofensiva: como resistir? 

📝 Do julgamento de Bolsonaro no STF à repressão brutal a imigrantes nos EUA e Europa. Do massacre em Gaza à ameaça de intervenção na Venezuela. Do tarifaço de Trump à submissão do governo Lula. Estamos diante de uma ofensiva global da extrema direita e do imperialismo


quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Tarifaço, ingerência e submissão: o Brasil entre Trump, STF e a classe dominante

Com Cyro Garcia | Economia É Fácil – Ao vivo na Rádio Censura Livre 📢 Assista, comente, compartilhe, inscreva-se e apoie a Rádio Censura Livre!

📍O novo tarifaço é mesmo um recuo ou um avanço na ofensiva imperialista dos EUA? 📍A Lei Magnitsky e a sanção a Moraes: o que está em jogo com a ingerência no STF? 📍Qual o papel da burguesia brasileira nessa crise: cúmplice ou vítima? 📍Qual deve ser a resposta da classe trabalhadora frente ao ataque imperialista?


sábado, 2 de agosto de 2025

Trump taxa o Brasil: ataque imperialista ou teatro eleitoral?

Assista em: https://www.youtube.com/live/-pixbT2fUjc

O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros expõe mais do que uma guerra comercial: revela a ofensiva imperialista dos EUA sobre o Brasil e o conjunto dos países do Sul Global.Nesta edição do Economia É Fácil, vamos analisar:

terça-feira, 15 de julho de 2025

Tarifas de Donald Trump contra o Brasil, limites da conciliação do governo Lula e a soberania nacional em jogo

📌 Nesta edição especial do Economia É Fácil, o historiador e militante socialista Cyro Garcia analisa, do ponto de vista da classe trabalhadora, a nova crise entre o Brasil e os Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

▶️Como o governo Lula responde a essa chantagem imperialista? Por que a extrema direita bolsonarista comemora enquanto a esquerda institucional silencia? E qual o papel dos BRICS, da reindustrialização e da luta por soberania nesse novo tabuleiro geopolítico?



sábado, 12 de julho de 2025

99 anos do livro `"Nova Economia" de Eugeny Preobrazhensky

por Almir Cezar Filho

Eugeny Preobrazhensky
(foto colorizada)
O livro Nova Economia, como é mais conhecido, ou no original Nova Economia: uma tentativa de uma análise teórica da economia soviética (no original em russo: Novaia ekonomika: Opy t teoreticheskogo analiza sovetskogo khoziaistva) foi escrito pelo economista russo e bolchevique Eugeny Preobrajensky e publicado em 1926.

É considerada sua oppus magnus, embora seja o livro O ABC do Comunismo, coescrita com Nikolai Bukharin, a mais conhecida. O livro A Nova Economia - cujo Capítulo II foi publicado pela primeira vez em agosto de 1924, em Moscou, como um artigo científico - constituiu um dos principais textos econômicos do período. Até hoje, trata-se de uma das mais audaciosas e mais profundas obras de análise teórica da economia soviética do período dos anos de 1920, época pautada pela transição da economia russa ao socialismo, e surgimento do tema do "desenvolvimento econômico".

Por que o título "Nova Economia"?

O título alude a ideia que na URSS daquele período é preciso de uma nova teoria econômica (por isso, muitas vez a tradução se refere como "Nova Econômica") - própria aos dilemas particulares que tanto a ciência como sistema econômico de transição ao socialismo vive - e que a Economia tradicional não oferece respostas. E que, por sua vez, o Marxismo também não. A alternativas aos marxistas seriam desenvolver novas formulações teóricas, recorrendo as bases metodológicas da Economia Política marxista.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump impõe tarifa contra o Brasil – Chantagem imperialista e ataque à soberania

Live especial do programa Economia É Fácil 🎙️

🎯 Tema: Trump impõe tarifa contra o Brasil – Chantagem imperialista e ataque à soberania

Vamos debater o que está por trás da decisão de Trump de taxar em 50% os produtos brasileiros. Uma guerra comercial? Pressão política?
📉 Qual o impacto para a economia nacional e o projeto de reindustrialização?
✊ E qual deve ser a resposta do povo brasileiro?



🎥 Assista agora: 🔗 https://youtube.com/live/0urpU4fajVc

Com apresentação de Almir Cezar Filho
📡 Pela Rádio Censura Livre — mídia independente e popular!

#TrumpTireAsMãosDoBrasil #EconomiaÉFácil #CensuraLivre #Live #Imperialismo #BolsonaroNaPrisão #SoberaniaNacional

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Crise na Avibras: a indústria brasileira vai morrer? | ECONOMIA É FÁCIL

Com Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, e apresentação de Almir Cezar.
A maior empresa de defesa do Brasil está afundada em dívidas, salários atrasados e risco de fechamento definitivo. Enquanto isso, o governo compra armas dos EUA e de Israel e vira as costas para a indústria nacional. Neste episódio do Economia É Fácil, vamos debater:
👉 Por que a Avibras chegou a esse ponto?
👉 Qual o papel da financeirização e da política de austeridade?
👉 O que essa crise revela sobre o projeto de desenvolvimento nacional?
👉 A geopolíticaE qual a responsabilidade do governo Lula?

✅ O futuro da reindustrialização e da soberania brasileira
✅ A dependência militar e tecnológica
✅ O papel estratégico da indústria bélica
✅ E a luta dos trabalhadores por salários e dignidade




terça-feira, 1 de julho de 2025

🎙️ 15 Anos da ERCE: História, Desafios e a Luta pela Reestruturação dos Cargos Específicos

🎙️ Live Especial – 15 ANOS DA ERCE
Nesta transmissão histórica, vamos resgatar a trajetória de criação da Estrutura dos Cargos Específicos (ERCE), que há 15 anos reúne arquitetos, engenheiros, economistas, estatísticos e geólogos do Poder Executivo Federal.
A live traz uma reflexão sobre:
🔹 A história e as motivações que levaram à aprovação da Lei 12.277/2010.
🔹 Os desafios vividos pelos servidores na implantação da ERCE.
🔹 A luta permanente pela revalorização, atualização salarial e reestruturação da carreira.
🔹 A importância estratégica da ERCE para as políticas públicas, a infraestrutura governamental e o desenvolvimento do Brasil.
🔹 A defesa de um serviço público qualificado, autônomo e comprometido com o interesse coletivo.
Com convidados especiais e a participação do público ao vivo!

Assista aqui: https://youtube.com/live/P8pCKWyab4A

🗓️ Data: 30/06 🕗 Horário: 20h 📡 Transmissão ao vivo pela Rádio Censura Livre
✊ Participe, comente e compartilhe! Valorizar o servidor público é defender o futuro do Brasil.
#ERCE #SINAEG #ServidorPúblico #ValorizaçãoJá #Economistas #Engenheiros #Arquitetos #Estatísticos #Geólogos #ServiçoPúblico #RádioCensuraLivre

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Oriente Médio: Como resolver de vez a escalada e sucessão infinita de conflitos

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho apresenta a Proposta Política diante da escalada militar no Oriente Médio e da ofensiva israelense contra o povo palestino.
Defende que a solidariedade internacional deve ir além das denúncias e se articular com uma estratégia revolucionária de transformação da região, pautada em quatro pontos centrais:
1️⃣ A necessidade de uma guerra total contra Israel, como resposta legítima ao genocídio e à ocupação.
2️⃣ A combinação dessa luta com uma nova Primavera Árabe, mobilizando milhões de trabalhadores e jovens contra todas as ditaduras.
3️⃣ A crítica ao caráter burguês e repressivo do regime iraniano, que instrumentaliza a causa palestina.
4️⃣ A defesa da luta revolucionária socialista no Oriente Médio, conectando a libertação nacional com a emancipação social.




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domingo, 29 de junho de 2025

A solidariedade mundial à luta do povo palestino é parte essencial da resistência

No corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho apresenta as propostas de solidariedade internacional e mobilizações em apoio ao povo palestino diante do genocídio em Gaza e dos ataques israelenses. Destaca a importância de ações concretas e unitárias, como:
🟢 A Flotilha da Liberdade, que rompe simbolicamente o bloqueio de Gaza e denuncia os crimes de guerra.
🟢 A Marcha Global para Gaza e a luta contra a repressão do Egito ao povo palestino.
🟢 O papel decisivo das massas árabes e da juventude no mundo todo, mobilizadas em defesa da Palestina.
O vídeo também recupera a proposta política que defende uma campanha mundial de solidariedade ativa e pressão sobre os governos cúmplices de Israel.
🔗https://youtu.be/ltP4N1cfZWc

✊ Assista, informe-se e fortaleça a luta pela Palestina livre, do Rio ao Mar!

sábado, 28 de junho de 2025

O confronto dos aiatolás do Irã com Israel é produto das contradições desse regime

 No corte especial do Economia É Fácil, o economista e editor do programa Almir Cezar Filho analisa as origens do confronto entre o regime dos aiatolás do Irã e o Estado de Israel, destacando que essa tensão permanente não é apenas fruto de disputas regionais, mas também das profundas contradições internas do próprio regime iraniano. 🟢 Ditadura teocrática e repressão interna contra a população iraniana. 🟢 Um projeto anti-imperialista parcial e seletivo, que não esconde alianças oportunistas. 🟢 Relações estratégicas com China e Rússia. 🟢 Intervenções e apoios a grupos armados no Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. Entender essas contradições é fundamental para quem defende a paz e a autodeterminação dos povos sem cair na lógica de blocos autoritários que instrumentalizam causas legítimas em benefício próprio.

📼https://youtu.be/OlFqy3akimo



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sexta-feira, 27 de junho de 2025

PODCAST | Inflação desacelera. Mas bolso do brasileiro segue sofrendo


📻https://creators.spotify.com/pod/show/webradiocensuralivre/episodes/ECONOMIA--FCIL---Inflao-desacelera--Mas-bolso-do-brasileiro-segue-sofrendo-2662025-e34qflv

Hoje o noticiário econômico anunciou:
📉 “A inflação caiu! O IPCA-15 desacelerou em junho!”

Mas... e o povo?
⚡ A conta de luz subiu.
💧 A água encareceu.
🍛 Comer fora continua pesando no bolso.
🚇 O transporte não aliviou.
🩺 O plano de saúde não para de subir.

Como pode a inflação desacelerar e o salário continuar encurtando?

No Economia É Fácil de hoje, vamos te mostrar o que os dados escondem — e o que a grande imprensa não quer explicar:
📊 A inflação no Brasil não é de consumo exagerado nem de gasto público.
⚠️ É de tarifas, serviços essenciais e um modelo econômico que joga a conta nas costas da classe trabalhadora.

Vamos analisar os dados, comparar com a série histórica e discutir caminhos para um outro projeto de economia.

Fica com a gente, curta, compartilhe, se inscreva no canal da Rádio Censura Livre.
E, se está ouvindo pelo Spotify, marca como favorito e dá aquelas cinco estrelas que ajudam demais.

Porque aqui, a economia é explicada de forma crítica — e sempre do lado do povo.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Inflação desacelera. Mas bolso do brasileiro segue sofrendo | ECONOMIA É FÁCIL

📊 Inflação e o IPCA-15 de junho/2025: queda ou ilusão? O que a mídia não te explica

O IBGE divulgou que o IPCA-15 desacelerou para 0,26% em junho, mas o custo de vida continua pesando no bolso da população. Neste episódio, vamos analisar os dados por trás do índice, comparar com a série histórica e mostrar por que a sensação de carestia persiste — mesmo quando o governo tenta passar a ideia de alívio. ⚠️ Luz, água, comida fora de casa, saúde e aluguel continuam subindo. 📉 Preço do tomate caiu. Mas e o plano de saúde? E a energia elétrica com bandeira vermelha? 🎥 Ao vivo com gráficos, dados e análise crítica — porque a economia também é uma trincheira de luta. 🎙️ Com apresentação de Almir Cezar, economista e editor do Economia É Fácil. 🗓️ Quinta, 12/06 – às 21h

quarta-feira, 25 de junho de 2025

As guerras permanentes de Israel são tanto a causa como resultado de graves crises internas

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa como a escalada militar de Israel contra Gaza e o Irã se conecta à profunda crise política, social e econômica que abala o país.
O vídeo mostra que, apesar da retórica de força, Netanyahu enfrenta uma situação cada vez mais insustentável:
🔵 Divisão interna da sociedade israelense, com protestos massivos contra o governo e seu projeto de guerra permanente.
🔵 Pressão das elites econômicas e do setor de tecnologia, temerosas do impacto do conflito sobre os negócios e investimentos.
🔵 Mobilizações de reservistas, greves e recusa de setores militares a seguir sustentando as operações.
🔵 Fuga de investimentos e empresas estrangeiras, alimentada pelo boicote internacional (BDS) e pelo desgaste diplomático.
🔵 Comparação com o regime de apartheid da África do Sul, que também enfrentou isolamento econômico antes de cair.
🔵 A crise institucional com a Suprema Corte e a possibilidade real de queda do governo.
Destaca que o cerco econômico e a resistência popular — tanto em Israel quanto internacionalmente — podem acelerar mudanças históricas na região.

 

https://youtu.be/yeIeqdX8T7g

terça-feira, 24 de junho de 2025

Gaza foi o prelúdio da ação de Israel no Irã e vive um impasse militar de Netanyahu

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa a crise militar que Israel enfrenta na Faixa de Gaza e o fracasso do governo Netanyahu em alcançar seus objetivos estratégicos. O vídeo mostra como, apesar da brutalidade dos ataques, a resistência popular palestina permanece firme e impõe limites concretos à ocupação: 🟥 Objetivos militares declarados por Israel seguem não atingidos, mesmo após meses de bombardeios. 🟥 A dificuldade de anexar e expulsar a população torna o projeto colonial insustentável. 🟥 O isolamento internacional de Israel cresce com protestos e campanhas de boicote em todo o mundo. 🟥 A crise política e social interna se aprofunda, ameaçando a estabilidade do governo Netanyahu. Destaca que Gaza tornou-se o símbolo da luta anticolonial do nosso tempo — e que a solidariedade internacional é decisiva para derrotar o projeto de limpeza étnica.

🔗https://youtu.be/xdcNAj1Loy4

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Ataques de Israel e a resposta do Irã: uma nova e grave escalada de muitas décadas

Neste corte do Economia É Fácil, o economista Almir Cezar Filho analisa a crise militar que Israel enfrenta na Faixa de Gaza e o fracasso do governo Netanyahu em alcançar seus objetivos estratégicos. O vídeo mostra como, apesar da brutalidade dos ataques, a resistência popular palestina permanece firme e impõe limites concretos à ocupação: 🟥 Objetivos militares declarados por Israel seguem não atingidos, mesmo após meses de bombardeios. 🟥 A dificuldade de anexar e expulsar a população torna o projeto colonial insustentável. 🟥 O isolamento internacional de Israel cresce com protestos e campanhas de boicote em todo o mundo. 🟥 A crise política e social interna se aprofunda, ameaçando a estabilidade do governo Netanyahu. Destaca que Gaza tornou-se o símbolo da luta anticolonial do nosso tempo — e que a solidariedade internacional é decisiva para derrotar o projeto de limpeza étnica. 🔗https://youtu.be/hdKrC0Kd8Yk

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sexta-feira, 20 de junho de 2025

Irã x Israel: Nova Escalada. Oriente Médio em Chamas e os Riscos ao Mundo - Quem é que lucra?

Analisamos os ataques aéreos de Israel contra o Irã, a resposta iraniana, a situação em Gaza e o papel dos EUA e outras potências na escalada militar no Oriente Médio. Qual o cenário que se desenha? Quais os interesses em jogo? E como os povos da região resistem?



🔹 1. A Nova Escalada Militar Israel x Irã
🔹 2. Crise em Gaza e Impasse Militar de Netanyahu
🔹 3. Crise Política e Social em Israel
🔹 4. A Crise Econômica de Israel
🔹 5. Papel dos EUA e Contradições no Imperialismo
🔹 6. O Regime Iraniano: Ditadura e Contradições
🔹 7. Solidariedade Internacional e Mobilizações
🔹 8. Proposta Política

📺 https://youtube.com/live/n0zp_aiQBRg

Bolsonaro e aliados no banco dos réus no STF pela trama golpista. 02 nos EUA: sanção contra Xandão?

 https://youtu.be/6gqEBHZiZcE




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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Novo giro internacional de Lula: França (UE), Canadá (G7). Uma alternativa à dominação dos EUA? Geopolítica ou Imperialismo

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🔗https://youtu.be/mezK3myKG3M



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quarta-feira, 18 de junho de 2025

A Rússia e Ucrânia está longe de um cessar-fogo. É o imperialismo que não deixa

 📼https://youtu.be/Mb3a1AcdpuI


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segunda-feira, 16 de junho de 2025

Gaza: ONU denúncia os massacres. Europa ameaça romper com Israel. Netanyahu prossegue com guerras.

 https://youtu.be/6Dk3yRloVK4


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quarta-feira, 11 de junho de 2025

PROFESSORES EM GREVE, ESCOLA EM CRISE: QUEM PAGA ESSA CONTA?

🎙 Nova edição do Economia É Fácil
🗓 Quinta, 12/06 – às 21h
📍 Rádio Censura Livre

👨‍🏫 Entrevista com o professor Paulo Reis, da rede pública do DF, e profª Vanessa Portugal, da rede de Belo Horizonte/MG sobre:
✅ Greve, corte de ponto e repressão judicial
✅ Ataques ao Fundeb e arrocho salarial
✅ Saúde mental, assédio e metas abusivas
✅ Riscos do “apagão” de professores
✅ O papel da educação no orçamento público
✊🏾 Educação é investimento, não despesa. Valorizar o magistério é lutar pelo futuro do país!

🔗https://www.youtube.com/live/pbZRSPEwxnk?si=6rch3Rtqy0DfiFXj


#educação 
#professor 
#greve
#fundeb                  

sábado, 7 de junho de 2025

A Economia e a Revolução: os elementos básicos para uma Economia Política da Transformação Social no Século XXI

 Sínteses que permeiam uma Teoria Contemporânea Marxista do Desenvolvimento Capitalista

Por Almir Cezar Filho

Introdução

A compreensão das dinâmicas contemporâneas do desenvolvimento econômico exige, mais do que nunca, um retorno crítico e criativo à tradição marxista. Em tempos marcados por crises recorrentes, desigualdades estruturais e reconfigurações globais, a economia política não pode prescindir de uma leitura totalizante do capitalismo enquanto sistema mundial e historicamente determinado.

Este capítulo introdutório propõe reunir os fundamentos de uma teoria contemporânea do desenvolvimento econômico capitalista à luz do marxismo, articulando a dinâmica da economia com os processos políticos, a estrutura social e as determinações extraeconômicas que moldam o movimento do capital e da luta de classes.

A partir do princípio do desenvolvimento desigual e combinado — que recusa as falsas simetrias dos modelos linear-evolutivos —, buscamos uma abordagem dialética e tridimensional da realidade. O desenvolvimento não se dá como trajetória homogênea ou universal, mas como expressão de múltiplos modos de produção articulados desigualmente dentro de um sistema global hierarquizado. Essa heterogeneidade é constitutiva do capitalismo, que, ao se expandir e buscar sua autorreprodução, incorpora formas sociais e produtivas distintas em escalas nacional e internacional. Portanto, a teoria do desenvolvimento deve partir da totalidade concreta, reconhecendo as mediações entre as estruturas econômicas nacionais, as lutas de classe e a inserção no sistema interestatal capitalista.

A revolução — entendida como salto histórico, ruptura da continuidade evolutiva e precipitação de contradições não resolvidas — é um elemento essencial para compreender tanto as mutações estruturais do capitalismo quanto as possibilidades de sua superação. Mais do que consequência de crises econômicas, a revolução pode ser seu motor. A história do século XX oferece múltiplas expressões dessa dinâmica: do Estado operário burocratizado à social-democracia do bem-estar, passando pelos nacionalismos desenvolvimentistas da periferia. Tais experiências, ainda que marcadas por limites e derrotas, alteraram profundamente as formas de organização produtiva, o papel do Estado e as mentalidades sociais — elementos que permanecem decisivos na configuração do presente.

Este texto parte, portanto, da premissa de que o capitalismo deve ser apreendido como totalidade contraditória, cuja estrutura e dinâmica são determinadas por leis econômicas internas (como a lei do valor e da acumulação) e por determinações extraeconômicas (como a política, a ideologia, a moral, o direito e as relações interestatais). A análise da conjuntura, das flutuações cíclicas, da política econômica e da inserção internacional de cada país não pode ser feita sem essa perspectiva de longa duração, que recusa o imediatismo da análise econômica convencional e resgata o horizonte da transformação revolucionária como categoria estratégica e analítica.

1. O Conceito de Desenvolvimento Econômico na Tradição Marxista

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Da Ucrânia a Gaza, do G7 ao STF | ECONOMIA É FÁCIL

🔗Link para assistir: https://youtube.com/live/qed6bDgkQkg

📺 ECONOMIA É FÁCIL #ConjunturaMensal | Com Cyro Garcia 🌍 O mundo está em chamas — e o Brasil no centro de disputas cada vez mais intensas. Nesta edição de Economia É Fácil, o historiador, professor e militante de esquerda Cyro Garcia analisa conosco os principais fatos da conjuntura nacional e internacional:

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Lula amigo de Xi e Putin? Articulações geopolíticas do Brasil na Rússia e na China

 🔗https://youtu.be/5r__AlWS_DM

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terça-feira, 3 de junho de 2025

Coerência Motivacional Retroativa - Infográfico Conceitual

Por Almir Cezar Filho


1️⃣ Problema: O Sentido da Ação Histórica

❓ O que justifica uma ação política ou histórica?
✔️ Vencer uma batalha é suficiente?
✔️ Impedir uma medida regressiva basta?
🔑 Ou precisamos garantir que a vitória preserve a razão pela qual lutamos?


2️⃣ Hipótese Central

🌀 Coerência Motivacional Retroativa

Alterar o passado é possível, desde que o novo futuro justifique a motivação original da ação.

Síntese:
✔️ O tempo pode mudar → mas não pode perder o sentido que o impulsionou.
✔️ A ação só é válida se manter ou recriar a motivação que a originou.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

A guerra comercial EUA vs. China esconde uma luta pela ordem global capitalista, por Cyro Garcia

 https://youtu.be/ALJCqgBu-Ho?si=tK0L2YqRnOFj43fw


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domingo, 1 de junho de 2025

Ucrânia e Gaza: Duas guerras, um mesmo interesse do imperialismo

🔗https://youtu.be/9fJZHzvcDlw?si=QbtKJvD9cGcs3rUG


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